O mundo ainda está se recuperando do impacto da pandemia de COVID-19 – o custo em vidas humanas, o impacto nas cadeias globais de suprimentos e as mudanças nas práticas de trabalho ainda reverberam pela sociedade.
Mas, durante essa turbulência, houve uma mudança clara para uma mentalidade de “estamos todos juntos nisso” no mundo dos negócios.
Essa nova forma de pensar ajudou a criar uma cultura de cuidado – e tem sido fascinante observar os benefícios que isso trouxe para as pessoas, o trabalho e os ambientes corporativos.
De acordo com o relatório Employee Wellbeing in a Changing Working World da CBI, quase 7 em cada 10 líderes empresariais perceberam um aumento na produtividade como principal benefício da implementação de políticas de saúde e bem-estar desde a pandemia.
As expectativas mudaram
Também ficou claro que as expectativas dos colaboradores mudaram. As pessoas querem que as organizações mantenham a confiança em seu pessoal e aprimorem uma cultura de cuidado tanto para os trabalhadores individuais quanto para a sociedade em geral.
Outras partes interessadas, incluindo clientes e investidores, também se tornaram mais focadas no impacto social de uma organização.
Os consumidores podem evitar e até se manifestar contra organizações que ignoram seus compromissos com a sustentabilidade e a justiça social.
Propósito organizacional, trabalho flexível, diversidade, inclusão e bem-estar corporativo agora têm potencial para se tornarem fatores decisivos na competição por talentos.
O relatório anual da Gallup mostrou que empresas que acertam nessa abordagem e criam uma força de trabalho altamente engajada registram, em média, 21% mais lucratividade – um dado que certamente atrai a atenção dos investidores.
O poder da diversidade cultural
O Relatório do Pacto Global da ONU revelou que 94% dos diretores executivos acreditam que a resiliência de suas organizações está sendo impactada pela falta de diversidade e habilidades voltadas para o futuro dentro de suas equipes.
A diversidade é especialmente importante para a inovação, pois permite que as pessoas experimentem e observem diferentes pontos de vista, desafiem o status quo e integrem perspectivas divergentes para criar abordagens criativas, imaginativas e não convencionais na solução de problemas.
Uma força de trabalho homogênea pode representar um desafio nesse sentido. Como Peter Loscher, ex-presidente e diretor executivo da Siemens, afirmou: "A última coisa que você quer como líder é ter clones de si mesmo."
Formar times com uma ampla variedade de experiências, disciplinas, competências, perspectivas, atributos e origens incentiva a troca de ideias, gerando novas possibilidades.
Mantendo uma cultura de confiança em sua organização
Promover uma cultura de cuidado por meio da confiança é a melhor maneira de estimular essa criatividade. Isso significa garantir que os funcionários se sintam seguros para desafiar certas formas de pensar ou expressar pontos de vista alternativos sem receio de represálias disciplinares.
A inovação também exige a aceitação de certo nível de risco e tentativa e erro dentro de um ambiente livre de culpa, onde os colaboradores se sintam apoiados ao experimentar algo novo, mesmo que não funcione.
Mas como você pode criar mais confiança cultivando uma cultura de cuidado?
Garantir uma liderança colaborativa, comunicativa e emocionalmente inteligente promove um ambiente de trabalho diverso, inclusivo e ético, baseado no respeito e na equidade.
Outras iniciativas, como oferecer oportunidades de aprendizado contínuo, reconhecer e recompensar esforços de maneira justa e prevenir danos físicos e mentais no ambiente de trabalho, também podem trazer impactos positivos.
Além de impulsionar a inovação, a cultura de confiança pode gerar diversos benefícios. Paul J. Zak, fundador do Center for Neuroeconomics Studies, realizou pesquisas que demonstram o impacto dessa confiança nos ambientes de trabalho.
Seus estudos indicaram que, em organizações de alta confiança, os funcionários relataram:
• 74% menos estresse
• 106% mais energia no trabalho
• 50% maior produtividade
• 13% menos dias de licença médica
• 76% mais engajamento
• 29% maior satisfação com suas vidas
• 40% menos burnout.
As consequências da quebra de confiança
Ambientes de trabalho onde os colegas não se sentem confiantes podem comprometer o sucesso e o crescimento da organização, minando sua estratégia e resiliência.
Empresas tóxicas correm o risco de perder seu ativo mais valioso: sua equipe. O relatório Culture Economy 2021 revelou que quase um terço dos trabalhadores do Reino Unido já pediu demissão devido a uma cultura organizacional ruim, gerando um impacto de GBP 20,2 bilhões por ano na economia britânica.
Nos Estados Unidos, segundo o MIT SMR/Glassdoor Culture 500, a cultura organizacional foi considerada dez vezes mais importante do que a remuneração para os funcionários.
Outras consequências incluem desligamentos silenciosos (quiet quitting), absenteísmo, estresse, burnout, ansiedade, depressão e processos trabalhistas.
Globalmente, a Organização Mundial da Saúde estima que os problemas de saúde mental custam à força de trabalho global cerca de USD 1 trilhão em produtividade perdida anualmente. Por isso, mais de 50% dos diretores executivos do Pacto Global da ONU estão oferecendo recursos voltados para a saúde física e mental de seus funcionários, número que sobe para 71% em grandes organizações.